Por: Natália Diogo
Com um mix de 300 mil produtos, 100 mil deles entrando em suas nove lojas todos os dias, a Fnac possuía um departamento de logística sem a expertise necessária para esse trabalho.
Nesse momento, a empresa dos irmãos gaúchos Luciano e Fernando Luft percebeu que seria a hora de agir: criaram a Luft Solutions, somente para atender a Fnac. Um projeto sob medida que além de gerenciar estoques, realiza a etiquetagem do material, digitalizam músicas dos CDs tocados nas lojas e tudo isso com uma eficácia acima da média
Quem pensa que esse é o projeto mais audacioso da dupla, está enganado, para atender as redes de fast-food Bob’s, Subway e Pizza Hut, outros clientes do Grupo Luft, a empresa criou até um departamento de compras, que desenvolve fornecedores e compra guardanapos, detergente, entre outros produtos. Ou seja, um serviço muito mais sofisticado que o anterior.
Segundo dados apontados por representantes do Instituto Ilos, o setor de logística explorado por empresas tem crescido a uma média de 40% ao ano, o que justifica o crescimento da Luft e o excesso de trabalho disponível para os sócios.
Mas a criatividade é o que tem feito a empresa atingir patamares cada vez maiores. No ano passado, por exemplo, eles perceberam que poderiam aperfeiçoar o processo de distribuição de um defensivo agrícola produzido pela CCAB, um de seus clientes. Para fazer isso, os irmãos Luft mudaram seu campo de atuação, comprando uma participação na indústria química Tagma, para produzir e etiquetar o produto. Antes, a Luft buscava a matéria-prima no porto, levava até o armazém e, de lá, enviava para a fábrica da CCAB. Depois, o produto final voltava para o armazém e, por fim, para o centro de distribuição.
Com a implementação dos novos serviços de logística, os componentes sairão do porto para a linha de produção e, lá mesmo, haverá uma área de estoque e logística para distribuir o produto final no mercado, assim, a CCAB vai somente ter que se preocupar com a produção do produto em si.
Mercado de logística
A Luft, assim como outras empresas com crescimento exponencial no mundo todo, busca como conceito de negócios cobrir toda a cadeia logística de forma plena. Dessa forma, cresceu de um faturamento de 19 milhões em 1994 para 800 milhões em 2009.
A logística, até a década passada, era vista como um custo para as empresas, segundo dados do Insper, em 1997, apenas 12% das empresas listadas na bolsa tinham diretorias de operação que trabalhavam a logística. O crescimento do setor ocorreu especialmente através da maior estabilidade econômica alcançada com o plano Real e o avanço dos sistemas de Tecnologia da Informação, que proporcionaram maior controle dos estoques.
Com isso, atualmente há muitos fazendo da logística uma oportunidade de negócio, abrindo grandes empresas que não apenas fazem transporte de mercadoria, mas procuram visualizar as necessidades de seus clientes como um todo.
A Luft é um exemplo disso, pois nos anos 90 ela fazia apenas transporte de produtos, em 1994, entretanto, perceberam que explorando outros segmentos haveria uma perspectiva maior de crescimento. Com isso passaram a
atuar com um modelo de cadeia de abastecimento. Em vez de usar dez caminhões para distribuir produtos de clientes diferentes na mesma loja, o grupo passou a aproveitar o mesmo veículo para dez clientes.
A empresa tem criado soluções para problemas diversos e com isso obteve esse crescimento tão significativo. Hoje, há uma preocupação forte da empresa com o impacto ambiental de suas ações e a empresa tem buscado minimizá-lo por meio da logística reversa. Um de seus clientes é o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev), que coordena um programa para retirar do mercado embalagens de produtos agrícolas, eles recolhem aproximadamente 94% das embalagens existentes no campo. Desde 2002, já recolheram quase 140 mil toneladas. O serviço funciona da seguinte forma: existem mais 400 unidades de recebimento distribuídas em todo o País, onde os agricultores entregam as embalagens. Lá, elas são retiradas pelos caminhões da Luft e dali vão para a reciclagem. Ou seja, mais um problema que com a visão correta, se transformou em um negócio.
OBS: os dados para esse post foram todos retirados de reportagem do portal da revista IstoÉ Dinheiro.